Joel Brandão

Joel Brandão é produtor desde 2012.

Joel Brandão é um produtor português que tem vindo a afirmar-se no panorama do cinema independente e da produção audiovisual, com um percurso marcado por uma atenção constante às margens — geográficas, emocionais e narrativas. Mestre em Cinema e Audiovisual pela Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa e licenciado em Comunicação e Multimédia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Joel construiu uma prática de produção que articula rigor técnico, intuição artística e um compromisso com a escuta e a alteridade.

Iniciou a sua carreira profissional entre agências criativas e produtoras de conteúdos, onde acumulou experiência como realizador, editor e sobretudo produtor, desenvolvendo campanhas e peças audiovisuais para marcas como UBER, Flama, Bosch, Vulcano e Comic Con. Entre 2012 e 2016, esses anos iniciais funcionaram como um verdadeiro laboratório de experimentação técnica e estética, onde a linguagem da publicidade serviu de campo de treino para uma abordagem cada vez mais autoral à produção audiovisual. Foi neste contexto que começou a apurar o olhar para o detalhe, o ritmo e o potencial narrativo da imagem em movimento — competências que viria a transportar para o campo do cinema.

A partir de 2016, Joel passou a concentrar-se mais diretamente na produção de obras cinematográficas. Nesse ano, produziu e realizou o videoclipe Sea and the Breeze, do músico Dan Riverman, revelando desde cedo um interesse pela intersecção entre música e imagem. No mesmo ano, integrou a equipa da curta-metragem Regresso, de Pedro Branco, onde colaborou como assistente de realização. O filme, distinguido no Richmond International Film Festival (RIFF), viria a influenciar profundamente a sua abordagem à produção cinematográfica, deixando marcas no modo como pensa os lugares e as emoções enquanto matéria produtiva e estética.

A sua estreia como produtor cinematográfico deu-se de forma plena em 2017, com Margem, curta-metragem que também realizou e que teve circulação em diversos festivais nacionais e internacionais. O filme foi semifinalista no Los Angeles CineFest e exibido em eventos como os Caminhos do Cinema Português, o Rome Independent Cinema Festival e a Mostra de Cinema Português. Produzido com recursos limitados mas com um forte investimento emocional e artístico, Margem evidenciou a capacidade de Joel enquanto produtor em articular talento emergente, estética apurada e temas densos — como a solidão, o desejo e a pertença — em projetos coesos e sensíveis.

Nos anos seguintes, Joel consolidou a sua identidade enquanto produtor independente, investindo em projetos autorais que exploram a escuta, o quotidiano e a marginalidade como estratégias poéticas e políticas. Em 2022, deslocou-se à Ásia para produzir e realizar o documentário You Are What We See, filmado em Macau e Hong Kong, com o apoio da Fundação Oriente e da University of Saint Joseph. O projeto foi concebido como um diário visual e observacional e, enquanto produtor, Joel assegurou todas as fases do processo — desde o financiamento e pré-produção até à montagem final — gerindo uma produção internacional de forma autónoma e sensível à complexidade dos contextos retratados. O resultado foi um mosaico poético da vida urbana, que alia o gesto contemplativo à escuta política e cultural do espaço.

Em 2024, concluiu a produção da sua primeira longa-metragem de ficção, O Céu em Queda, realizada por Pedro Branco. A obra, de respiração poética, mergulha nas zonas ambíguas do desejo, do amor e da dor, através de uma linguagem cinematográfica onde imagem e som não servem a narrativa, mas antes a expandem. O filme estreou em novembro no Festival Caminhos do Cinema Português, onde recebeu uma Menção Honrosa do Júri, e tem estreia internacional confirmada para 2025 em festivais na Itália, Noruega e Suíça. Como produtor, Joel esteve na origem e acompanhamento de todo o processo criativo e logístico, garantindo as condições para uma obra exigente e fiel à sua visão artística. O Céu em Queda representa não apenas um marco na sua carreira, mas também a consolidação de uma metodologia de produção que valoriza a experimentação, a densidade emocional e o rigor artístico.

Atualmente, Joel Brandão está a produzir três novas longas-metragens documentais, em diferentes fases de desenvolvimento, produção e pós-produção, reforçando o seu compromisso com uma prática cinematográfica que privilegia a escuta, a observação e a construção de narrativas a partir das margens. O seu trabalho como produtor caracteriza-se por uma atenção minuciosa ao detalhe, uma aposta constante em colaborações artísticas intensas e uma visão clara sobre o papel da produção como mediadora entre o gesto criativo e a sua concretização no mundo. Mais do que um mero gestor de recursos, Joel vê o produtor como alguém que constrói espaço — físico, emocional e simbólico — para que o cinema aconteça.